Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa (2015)
Totalmente inspirado em uma viagem para Cabo Verde e Angola, o disco traz artistas dos países africanos e participações de nomes como Vanessa da Mata e Caetano Veloso. Em 2016, rendeu a Emicida uma indicação ao Grammy Latino na categoria melhor álbum de música urbana.
Faixas
- Mãe| letraPart. Anna Tréa e Dona Jacira (Emicida/Dj Duh/Renan Inquérito/Dona Jacira)Um sorriso no rosto, um aperto no peito
Imposto imperfeito, tipo encosto estreito
Banzo, vi tanto por aí
Pranto de canto, chorando, fazendo os outro rir
Num esqueci da senhora limpando chão
Desses boy cuzão, tanta humilhação
Num é vingança, hoje é redenção
Uma vida de mal me quer, não vi fé
Profundo, ver o peso do mundo nas costas de uma mulher
Alexandre no presídio, eu pensando em suicídio
Aos oito anos, moça
De onde cê tirava força?
Orgulhosão, de andar com os ladrão, trouxa
Recitando Malcolm X, sem coragem de lavar uma louça
Papo de quadrada, doze, madrugada, pose
As ligação que não fiz tão chamando até hoje
Dos rec no Djose ao hemisfério norte
O sonho é um tempo onde as mina não tenha que ser tão forte
REFRÃO
Nossas mãos ainda encaixam certo
Peço anjo que me acompanhe
Em tudo eu via a voz de minha mãe
Em tudo eu via nóiz
A sós nesse mundo incerto
Peço anjo que me acompanhe
Em tudo eu via a voz de minha mãe
Em tudo eu via nóiz
Outra festa, meu bem
Tipo Orkut, mais de mil amigos e não lembro de ninguém
Grunge, Alice in Chains
Onde ou você vive Lady Gaga ou morre Pepe e Neném
Luta diária, fio da navalha, marcas várias
Senzalas, cesáreas, cicatrizes
Estrias, varizes, crises
Tipo Lulu, nem sempre é so easy
Pra nóiz, punk
É quem amamenta enquanto enfrenta a guerra, os tanque
As roupa suja, vida sem amaciante
Bomba a todo instante
Num quadro ao léu, que é só enquadro e banco dos réu
Sem flagrante
Até meu jeito é o dela
Amor cego escutando com coração a luz do peito dela
Descreve o efeito dela
Breve, intenso, imenso a ponto de agradecer
até os defeito dela
Esses dia achei na minha caligrafia tua letra
e as lágrima molha a caneta
Desafia, vai dar mó treta
Quando disser que vi Deus
e ele era uma mulher preta
REFRÃO
O terceiro filho nasceu
É homem
Não, ainda é menino
Miguel bebeu por três dias
de alegria
Eu disse que ele viria, nasceu
E eu nem sabia como seria
Alguém prevenia
Filho é pro mundo
Não
O meu é meu
Sentia necessidade de ter algo na vida
Buscava o amor nas coisas desejadas
Então pensei que amaria muito mais alguém que saiu de dentro de mim
E mais nada
Me sentia como a terra: sagrada
E que barulho, que lambança
Saltou do meu ventre, contente, parecia dizer
“É sábado, gente!”
A freira que o amparou tentava reter seus dois pezinhos, sem conseguir
Ela dizia “mas que menino danado”
“Como vai chamar ele, mãe?”
Leandro
Ficha técnica
Voz: Emicida
Participações especiais: Anna Tréa e Dona Jacira
Arranjador: Dj Duh
Violão: Doni Jr.
Programações: Dj Duh e Rafael Tudesco
Samples: Rafael Tudesco
Guitarra e coro: Anna Tréa
Baixo: Samuel Bueno
Rhodes, samples e vocais: Xuxa Levy
Gravado no estúdio Mixnova Studio por Mauricio Cersosimo e Alejandra Luciani - 8| letra(Emicida/Rafael Tudesco/Xuxa Levy/Dj Nyack)Tipo Central do Brasil, eu vou sozim
Os passo é o que faz o camim
Louvor pixaim, Ewe, axé, Osain, oi
A trilha dos outros vai só até onde os outro já foi
De oreia seca a oreia quente
Saudade de passar batido tipo a morte dos inocente
Cabeça fria, coração fervente
Há trinta ano, todo ano é ano da serpente
Não era amor, era cilada
As voz que num era nóiz levou multidões pro nada
O fardo é foda, não é conto de fada
Combinação explosiva, mente subversiva, cor de madrugada
Terra do alisa e tinge, finge
Que segregação é ficção tipo Fringe
Assim rancaram o nariz da esfinge (maluco)
Cabô essa porra de o que vem de baixo não te atinge (truco)
REFRÃO
Entre o sucesso e a lama
Que que é isso aqui, que loucura?
Entre o sucesso e a lama
Pobre, nasci com pouca sorte
Entre o sucesso e a lama
Um preto vê mil chances de morrer
Entre o sucesso e a lama
Quem não se acostumar com o sistema enfrenta eles
Se pã, meninos perdidos, Peter Pan
Num tempo de consumo absurdo
Ninguém é de ninguém, todo mundo quer tudo
Gente, ceis inda são um alto do Gil Vicente
Na matilha os lobo chega uiva
Queda da Bastilha, o sangue brilha igual pelo das ruiva
Na falta de Machado de Assis, de Xangô
Vai sobrar martelo de juiz, de doutor
A tristeza deforma os rosto aqui
Entre o que não te deixa sonhar e o que não te deixa dormir
Cicatriz, Dr. Doom, gibi
Criei meu mundo tipo Raphael Dracoon e sumi
Nóiz nunca entendeu essa história manca
Sangue índio, suor preto e as igreja branca?
Jogando na retranca
Querendo que os menor respeita
os professor que a polícia espanca
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida
Arranjadores: Xuxa Levy e Rafael Tudesco
Bateria: Joel Inga
Guitarra: Texas
Baixo: Mayó Bass
Percussão: Yaniki, Carlos Café e Julio César
Scratches: Dj Nyack
Teclado, vozes, programações e hammond: Xuxa Levy
Gravado no Letras e Sons por Valdemar Vilela (Angola), Estúdio Milionário dos Sonhos por Emicida e no Mixnova Studio por Mauricio Cersosimo e Alejandra Luciani. - Casa| letra(Emicida/Xuxa Levy/Ogi)Lá fora é selva, a sós entre luz e trevas
Nóiz presos nessas fases
de guerra, medo e monstros, tipo Jogos Vorazes
É pau, é pedra, é míssil
E crer é cada vez mais difícil
Entende um negócio, nunca foi fácil
Solo não dócil, esperança fóssil
O samba deu conselhos – ouça
Jacaré que dorme vira bolsa
Amor, eu disse no começo
é quem tem valor versus quem tem preço
Segue teu instinto que ainda é Deus e o Diabo na Terra do Sol
onde a felicidade se pisca é isca
e a realidade trisca, anzol
Corre
REFRÃO
O céu é meu pai
A terra mamãe
E o mundo inteiro é tipo a minha casa
Aos quinze o Saara na ampulheta
Aos trinta tempo é treta
Rápido como um cometa
Hoje a fé numa gaiola e o sonho na gaveta
Foi pelo riso delas que vim no mesmo camim, por nóiz
Tipo Mágico de Oz, meu coração é tamborim, tem voz
Sim, inda bate veloz
Entre drones e almas, flores e sorte
Se não me matou, me fez forte
O caos como cais, sem norte
Venci de teimoso, zombando da morte
Sem amor uma casa é só moradia
De afeto vazia, tijolo e teto, fria
Sobre chances, é bom vê-las
Às vez se perde o telhado pra ganhar as estrelas
Tendeu?
REFRÃO
A gente já se acostumou
Que a alegria pode ser breve
Mostra o sorriso, tenha juízo
A inveja tem sono leve
À espreita pesadelos são
como desfiladeiros, chão
Em brasa
Nunca se esqueça o caminho de casa
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida
Arranjador: Xuxa Levy
Coro: Pop Black, Sabrina Cersósimo, Amanda Lopes e Xuxa Levy
Samples, berimbau, percussão, theremin, teclados e programações: Xuxa Levy
Coro infantil: Alunos da escola Penta Grana
Gravado no Kapital Estudios (Cabo Verde) e no Mixnova Studio por Mauricio Cersosimo e Alejandra Luciani. - Amoras| letra(Emicida/Xuxa Levy)Amoras (Emicida/Xuxa Levy)
BRX6F1500007 - Laboratório Fantasma
Mas como o pensar infantil fascina
De dar inveja, ele é puro que nem Obatalá
A gente chora ao nascer, que é se afastar de Alá
Mesmo que a íris traga a luz mais cristalina
Entre amoras e a pequenina
Eu digo: as pretinhas são o melhor que há
Doces, as minhas favoritas brilham no pomar
Eu noto logo se alegrar os olhos da menina
Luther King vendo cairia em pranto
Zumbi diria que nada foi em vão
E até Malcolm X contaria a alguém
Que a doçura das frutinhas, sabor acalanto
Fez a criança sozinha alcançar a conclusão
“Papai, que bom! Porque sou pretinha também”
Ficha técnica
Voz: Emicida
Arranjador: Xuxa Levy
Sintetizador e kalimba: Xuxa Levy
Gravado no Flap C4 por Gabriel de Barros - Mufete| letra(Emicida/Xuxa Levy)Mufete (Emicida/Xuxa Levy)
BRX6F1500008 - Laboratório Fantasma
REFRÃO
Rangel, Viana, Golfo, Cazenga, pois
Marçal, Sambizanga, Calemba 2
One luv, amor pu ceis (sério)
Djavan me disse uma vez
Que a terra cantaria ao tocar meus pés
Tanta alegria fez brilhar minha tez
Arte é fazer parte, não ser dono
Nobreza mora em nóiz, não num trono
Logo somos reis e rainhas, somos
Mesmo entre leis mesquinhas vamos
Gente, só é feliz
Quem realmente sabe que a África não é um país
Esquece o que o livro diz, ele mente
Ligue a pele preta a um riso contente
Respeito sua fé, sua cruz
Mas temos duzentos e cinquenta e seis odus
Todos feitos de sombra e luz, bela
Sensíveis como a luz das velas
Tendeu?
REFRÃO
Tá na cintura das mina de Cabo Verde
E nos olhares do povo em Luanda
Nem em sonho eu ia saber que
Cada lugar que eu pisasse daria um samba
Numa realidade que mói
Junta com uma saudade que é mansinha, mas dói
Tanta desigualdade, as favela, os boy
Atrás de um salário, uma pá de super-herói
Louco tantos Orfeus trancados
Nos contrato de quem criou o pecado
Dorme igual flor num gramado
E um vira-lata magrinho de aliado
Brusco pick o cantar de pneus
Dizem que o diabo veio nos barcos dos europeus
Desde então o povo esqueceu
Que entre os meus todo mundo era Deus
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida
Arranjador: Xuxa Levy
Coro: Anna Tréa e Doni Jr.
Bateria: Joel Inga
Guitarra: Texas
Baixo: Mayó Bass
Percussão: João Morgado e Yaniki
Teclado e programações: Xuxa Levy
Gravado no Estúdio Letras e Sons por Valdemar Vilela (Angola) e no Mixnova estúdio com Maurício Cersosimo e Alejandra Luciani - Baiana| letraPart. Caetano Veloso (Emicida/Dj Duh)Baiana (Emicida/Dj Duh)
BRX6F1500009 - Laboratório Fantasma
Baiana, cê me bagunçou
Pirei em tua cor, nagô, tua guia
Teu riso é Olodum a tocar no Pelô
Dia de Femadum, tambor, alegria
Se me lembra malê, gosto pra valer
Dique do Tororó, império Oyó
A descer do Orum, bela Oxum
Cujo igual não há em lugar nenhum
O branco da areia da lagoa de Abaeté
Tá no seu sorriso, meu juízo perde o pé
O canto da sereia vem de boa, eu à toa é
Prejuízo, pretinha, briso nesse axé
REFRÃO
Minha cabeça ficou loca
Só com aquele beijinho no canto da boca
Loca, loca, loca
Só com um bejim, com bejim
Baiana, é bom te ter aqui
Na Salvador de cá, Salvador Dali
Bahia pela mão de mestre Didi
No sol de escurecer o tom dos Cariri
É mito Yorubá, bonito, pode pá
Água de Amaralina, gota de luar
Deleite ocular, rito de passar
Me lembrou Clementina a cantar
Dois de fevereiro, dia da rainha
Que pra uns é branca, pra nóiz é pretinha
Igual Nossa Senhora, padroeira minha
Banho de pipoca, colar de conchinha
E a pagodeira em linha da ribeira
Cajazeiras, baixa do tubo, tudo
Firme forte na ladeira
Uma pá de cor me lembrou Raimundo de Oliveira
Meu coração, tua posição, a primeira
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida
Participação especial: Caetano Veloso
Arranjadores: Dj Duh e Emicida
Percussão: Márcio Brasil, Cobra, Emicida e Gustavo Di Dalva
Violão: Dedé
Programações e teclados: Dj Duh
Pianos rhodes: Xuxa Levy
Gravado no Flap C4 Estúdio por Gabriel Barros, Estúdio Milionário dos Sonhos por Emicida e no Mixnova Studio por Mauricio Cersosimo e Alejandra Luciani - Passarinhos| letraPart. Vanessa da Mata - Artista gentilmente cedida por Sony Music/Jabuticaba (Emicida/Xuxa Levy)Passarinhos (Emicida/Xuxa Levy)
BRX6F1500010 – Laboratório Fantasma
Despencados de voos cansativos
Complicados e pensativos
Machucados após tantos crivos
Blindados com nossos motivos
Amuados, reflexivos
E dá-lhe antidepressivos
Acanhados entre discos e livros
Inofensivos
Será que o sol sai pra um voo melhor
Eu vou esperar, talvez na primavera
O céu clareia e vem calor, vê só
O que sobrou de nóiz e o que já era
Em colapso o planeta gira, tanta mentira
Aumenta a ira de quem sofre mudo
A página vira, o são delira, então a gente pira
E no meio disso tudo
Tamo tipo
REFRÃO
Passarinhos soltos a voar dispostos
A achar um ninho, nem que seja no peito um do outro
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá
A Babilônia é cinza e neon, eu sei
Meu melhor amigo tem sido o som, ok
Tanto carma lembra Armageddon, orei
Busco vida nova tipo ultrassom, achei
Cidades são aldeias mortas, desafio nonsense
Competição em vão, que ninguém vence
Pense num formigueiro, vai mal
Quando pessoas viram coisas, cabeças viram degraus
No pé que as coisas vão, jão
Doideira, daqui a pouco resta madeira nem pros caixão
Era neblina, hoje é poluição
Asfalto quente queima os pés no chão
Carros em profusão, confusão
Água em escassez bem na nossa vez
Assim não resta nem as barata
Injustos fazem leis e o que resta pro ceis?
Escolher qual veneno te mata
Pois somos tipo
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida
Participação especial: Vanessa da Mata (Artista gentilmente cedida por Sony Music/Jabuticaba)
Arranjador: Xuxa Levy
Baixo: Vando Alberto
Bateria: Ndu Carlos
Guitarra: Kaku Alves
Complementos, teclados, ukulele e programações: Xuxa Levy
Gravado no Mixnova estúdio com Maurício Cersosimo e Alejandra Luciani e no Kapital Estudios - Sodade| letra(Neusa Semedo)[Crioulo cabo-verdiano]
Iiiaaaa, aiiiaaaaiaaaa
Iiiaaaa, aiiiaaaaiaaaa
Iiiaaaaia
aa , iiiaaaaia a
Ai, sodade ki nka podi kual
Iiiaaaa, aiiiaaaaiaaaa
Iiiaaaa, aiiiaaaaiaaaa
Iiiaaaaia, iiiaaaaia
Ai
ia ai Sin sabeba fica di patrás
Ficha técnica
Voz: Neusa Semedo - Chapa| letraPart. Batucadeiras do Terrero dos Órgãos (Emicida/Xuxa Levy)Chapa, desde que cê sumiu
Todo dia alguém pergunta de você
Onde ele foi? Mudou? Morreu? Casou?
Tá preso? Se internou? É memo? Por quê?
Chapa, ontem o sol nem surgiu
Sua mãe chora, não dá pra esquecer
Que a dor vem sem boi, sentiu, lutou
Ê djou, ilesa nada, ela tá presa na de que ainda vai te ver
Chapa, sua mina sorriu
Mas era sonho e quando viu acordou deprê
Levou seu nome pro pastor, rezou, buscou em tudo
Face, Google, IML, DP (e nada)
Chapa, dá um salve lá no povo
Te ver de novo, faz eles reviver
Os pivetim na rua diz assim: “Ê, tio
E aquele zica lá que aqui ria cum nóiz, cadê?”
Chapa, pode pá, tô feliz de te trombá
Da hora, mas xô fala pu cê
Isso num se faz, se engana ao crer que ninguém te ama
E lá todo mundo temendo o pior acontecer
Chapa, então fica assim, jura pra mim
Que foi, agora tudo vai se resolver
Já serve, volto com meu peito leve, até breve
Eu quero ver sua família feliz no rolê
REFRÃO
Mal posso esperar
O dia de ver você voltando pra gente
Sua voz avisar, o portão bater
Acende um riso contente
Vai ser tão bom
Tipo São João
Vai ser tão bom
Que nem Réveillon
Vai ser tão bom
Cosme e Damião
Vai ser tão bom
Bom, bom, bom, bom
Chapa, desde que cê sumiu
Todo dia alguém pergunta de você
Onde ele foi? Mudou? Morreu? Casou?
Tá preso? Se internou? É memo? Por quê?
Chapa, ontem o sol nem surgiu,
Sua mãe chora, não dá pra esquecer
Que a dor vem sem boi, sentiu, lutou
Ê djou, ilesa nada, ela tá presa na de que ainda vai te ver
Chapa, sua mina sorriu
Mas era sonho e quando viu acordou deprê
Levou seu nome pro pastor, rezou, buscou em tudo
Face, Google, IML, DP (e nada)
Chapa, dá um salve lá no povo
Te ver de novo, faz eles reviver
Os pivetim na rua diz assim: “ê tio
E aquele zica lá, que aqui ria cum nóiz, cadê?”
Chapa, pode pá, tô feliz de te trombá
Da hora, mas xô fala pu cê
Isso num se faz, se engana ao crer que ninguém te ama
E lá todo mundo temendo o pior acontecer
Chapa, então fica assim, jura pra mim
Que isso foi agora tudo vai se resolver
Vô mentir pu cê não, meu
Às vezes eu acho de bobeira um retrato lá em casa
O olho num aguenta, não, enche de água
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida
Participações Especiais: Batucadeiras do Terrero dos Órgãos
Arranjador: Xuxa Levy
Violão e cavaco: Kaku Alves
Bateria e Dikanza: Ndu Carlos
Coro e palmas: Batucadeiras do Terrero dos Órgãos
Programações: Emicida e Xuxa Levy
Percussão: Emicida
Flautas, teclados e piano rhodes: Xuxa Levy
Gravado no Kapital Estúdios (Cabo Verde) e Mixnova estúdio com Maurício Cersosimo e Alejandra Luciani - Boa Esperança| letraPart. J.Ghetto (Emicida/Nave)REFRÃO
Por mais que você corra, irmão
Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o xis da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala, jão
Bomba-relógio prestes a estourar
O tempero do lar foi lágrima de preto
Papo reto, como esqueletos, de outro dialeto
Só desafeto, vida de inseto, imundo
Indenização? Fama de vagabundo
Nação sem teto, Angola, Keto, Congo, Soweto
A cor de Eto’o, maioria nos gueto
Monstro sequestro, capta tez, rapta
Violência se adapta, um dia ela volta pu cêis
Tipo campos de concentração, prantos em vão
Quis vida digna, estigma, indignação
O trabalho liberta ou não
Com essa frase quase que os nazi varre os judeu – extinção
Depressão no convés
Há quanto tempo nóiz se fode e tem que rir depois
Pick Jackass, mistério tipo lago Ness, sério és
Tema da faculdade em que não pode por os pés
Vocês sabem, eu sei
Que até Bin Laden é made in USA
Tempo doido onde a KKK veste Obey (é quente memo)
Pode olhar, num falei?
Nessa equação chata, polícia mata – Plow!
Médico salva? Não! Por quê? Cor de ladrão
Desacato, invenção, maldosa intenção
Cabulosa inversão, jornal, distorção
Meu sangue na mão dos radical cristão
Transcendental questão, não choca opinião
Silêncio e cara no chão, conhece?
Perseguição se esquece? Tanta agressão enlouquece
Vence o Datena, com luto e audiência
Cura baixa escolaridade com auto de resistência
Pois na era cyber ceis vai ler
Os livro que roubou nosso passado igual Alzheimer e vai ver
Que eu faço igual Burkina Faso
Nóiz quer ser dono do circo
Cansamos da vida de palhaço
É tipo Moisés e os hebreu, pés no breu
Onde o inimigo é quem decide quando ofendeu
Cê é loko, meu
No veneno igual água e sódio
Vai vendo sem custódio
Aguarde cenas no próximo episódio
Ceis diz que nosso pau é grande
Espera até ver nosso ódio
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida
Participação especial: J. Ghetto
Arranjador: Nave
Programações: Emicida e Nave
Samples: Nave
Gravado no Mixnova estúdio com Maurício Cersosimo e Alejandra Luciani - Trabalhadores do Brasil| letraEnquanto Zumbi trabalha cortando cana
Na zona da mata pernambucana
Olorô-quê
Vende carne de segunda a segunda
Ninguém vive aqui com a bunda preta pra cima
Tá me ouvindo bem?
Enquanto a gente dança no bico da garrafinha
Odé trabalha de segurança
Pega ladrão que não respeita
Quem ganha o pão que o tição amassou honestamente
Enquanto Obatalá faz serviço pra muita gente
Que não levanta um saco de cimento
Tá me ouvindo bem?
Enquanto Olorum trabalha como cobrador de ônibus
Naquele transe infernal de trânsito
Ossonhê sonha com um novo amor
Pra ganhar um passe ou dois
Na praça turbulenta do Pelô
Fazer sexo oral, anal seja lá com quem for
Tá me ouvindo bem?
Enquanto rainha Quelé (rainha Quelé) limpa fossa de banheiro
Sambongo bungo na lama e isso parece que dá grana
Porque o povo se junta e aplaude
Sambongo na merda pulando de cima da ponte
Tá me ouvindo bem?
Tá me ouvindo bem?
Tá me ouvindo bem, hein, hein, hein, hein?
Hein seu branco safado?
Ninguém aqui é escravo de ninguém
Ficha técnica
Voz: Marcelino Freire
Gravado no Villa Studio por Caio Teaser - Mandume| letraPart. Drik Barbosa,Rico Dalasam, Amiri, Raphão Alaafin, Muzzike (Emicida/Rafael Tudesco/Drik Barbosa/Rico Dalasam/Amiri/Raphão Alaafin/Muzzike)REFRÃO
Eles querem que alguém que vem de onde nóiz vem
seja mais humilde, baixe a cabeça
nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda
Eu.. quero é que eles se (piiiiiiiiiiiii)
Eles querem que alguém que vem de onde nóiz vem
seja mais humilde, baixe a cabeça
nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda
Eu.. quero é que eles se (piiiiiiiiiiiii)
Nu... Nu... Nu... Nu... Nu... Nunca deu nada pra nóiz, carai... carai... carai...
Nun... Nun... Nunca lembrou de nóiz, carai... carai...
Nu... Nu... Nu... Nunca deu nada pra nóiz, carai... carai...
Nun... Nun... Nunca lembrou de nóiz, ca... ca... carai... carai...
[Drik Barbosa]
Sou tempestade, mas entrei na mente tipo Jean Grey, xinguei
Quem diz que mina não pode ser sensei
Ginguei, sim, sei, desde a Santa Cruz
Playboys deixei em choque
Tipo Racionais, Hey Boy
Tanta ofensa, luta intensa, nega minha presença
Chega! Sou voz das nega que integra resistência
Truta, rima, conduta, surta, escuta, vai vendo
Tempo das mulher fruta, eu vim, menina veneno
Sistema é falha, gasta, arrasta as Cláudia que não raia
Basta de Globeleza, fi-fi firmeza? Mo faya!
Odé, rima pesada, vasta, eu falo memo igual Tim Maia
Devasta esses otário, tipo calendário Maia
Feminismo das preta bate forte, mó treta
Tanto que hoje ceis vão sair com medo de bu****!!
Drik Barbosa, não se esqueça
Se os outro é de tirar o chapéu, nóiz é de rancar a cabeça!
[Amiri]
Mas mano, sem identidade somos objetos da história
que endeusa “herói”, forja, esconde os retos da história
Apropriação há eras, desses tá repleto na história
mas nem por isso que eu defeco na escória, hã!
Pensa que não vi? Eu senti a herança de Sundi...
Ah tá, não morro incomum e pra variar, herdeiro de Zumbi
Segura o boom, fi, é um i, é dois i, é três i, quatro não importa
Já que querem eu cego, eu tô pra ver um daqui sucumbir (não)
Pela honra vinha, Man...dume: tire a mão da minha mãe!
Farejam medo? Vão ter que ter mais faro, esse é o valor dos reais “caros”
Ao chamados do alimamo: Nkosi Sikelel’, mano
Só sente quem teve banzo (entendeu?), eu não consigo ser mais claro
Olha pra onde os do gueto vão, pela dedução de quem quer redução
Respeito, não vão ter por mim? Protagonista, ele é preto, sim, pelo gueto vim
Mostra o que difere, não é genital ou “macaco!” que fere, é igual me jogar ao lobos, eu saio de lá vendendo colar de dente e casaco de pele!
[Rico Dalasam]
Memes de negro é
Me inspiram a querer ter um rifle,
Memes de branco é
Não trarão de volta Yan, Gamba e Big
Arranca meu dente no alicate, mas não vou ser mascote
de quem azeda a marmita
Sou fogo no seu chicote enquanto a opção for morte
pra manter a ideia viva
Domado eu não vivo, não quero seu crivo e ver minha mãe jogar rosas
Sou cravo vivido entre os espinhos, treinado com as pragas da horta
Pior que eu já morri tantas antes de você me encher de bala, não marca nossa alma, sorri Brilhar é resistir nesse campo de fardas
(Cê é loko hein, cachoeira!)
REFRÃO
[Muzzike]
Ponha meu símbolo, guarda meu manto que eu vou subir como rei
Ceis vive da minha cicatriz, tô pra ver sangrar o que eu sangrei
Com a mente a milhão, livre como Kunta Kinte vou ser o que quiser
Tá pra nascer o playboy pra entender o que foi ter as correntes no pé
Falsos quanto Kleber Aran os vazio abraça
La revolución tucana hip hop reaça
Doce na boca, lança-perfume na mão, manda o mundo se fuder
São os nóia da Faria Lima, jão, é a Cracolândia, blasé
Jesus de polo listrada no corre, corte de degradê
Descola o posto do 2Pac que ceis nunca vão ser
Original favela golden era rua no mic
Hoje os boy paga de drão, ontem nóiz tomava seus Nike (vai, vai, vai!!!!)
Os vira-lata de vila e os pitbull de portão
Muzzike, filho de faxineira, passo o rodo nesses cuzão
Ando com a morte no bolso, espinho no meu coração
As iena tão rindo de que se o rei da savana é o leão
[Raphão Alaafin]
Cantar pra saudar, nego
Seu rei chegou sim
Alaafin, vim de Oyó Xangô
Daqui de Mali pra Cuando
De yorubá ao bantu
Não temos papa
Nem na língua nem em escrita sagrada
Não, não na minha gestão, chapa
Abaixa sua lança faca
Espingarda faiada
Meia-volta na barca, Europa se prostra
Sem ideia torta, no rap vou na frente da tropa
Sem eucarística no meu cântico
Me vêem na Bahia em pé, dão ré no Atlântico
Tentar nos derrubar é secular
Hoje chegam pelas avenidas, mas já vieram pelo mar
Oyá, todos temos a bússola de um bom lugar
Uns apontam pra Lisboa, eu busco Omongwa
Se a mente daqui pra frente é inimiga
O coração diz que que não está errado, então siga
[Emicida]
Dores em loop-cínio, os cu diz “símio - o que”
Ao ver, um Simonal que ceis num vai fuder
Grande tipo Ron Mueck, morô, muleque? Zé do Caroço
Quer Photoshop melhor que dinheiro no bolso
Vendo os rap vender igual coca, fato
Não, não, melhor, entre nóiz num tem cabeça de rato
Brasil, exterior, capital, interior
Vai ver nóiz, gargalhando com peito cheio de rancor
Como prever que freestyles vários
Necessários, iam me dar uma coleção de Miley Cyrus
Misturei Marley, Cairo, Harley e pairou firmeza
Tipo Mario, entrei pelo cano, mas levei as princesa
Várias diz, num sou santo, ímã de inveja é banto
Fui na Xuxa pra ver o que fazer se alguém menor te escreve tanto
Tô pelo adianto, e as favela entendeu
Considere, se a miséria é foda, chapa, imagina eu
Scorsese, minha tese, não teme, não deve, tão breve
As vitórias do gueto
Luz pra quem serve, na trama, conhece os louro da fama
Ok, agora olha os preto
Chama
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida
Participações especiais: Drik Barbosa/Rico Dalasam/Amiri/Raphão Alaafin/Muzzike
Arranjador: Rafael Tudesco
Coro incidental: Fattú Djakité
Percussão: Ndu Carlos, Carlos Café e Julio César
Programações: Rafael Tudesco e Emicida
Samples: Rafael Tudesco
Voz (criança): Raul Ferreira
Gravado no Mixnova estúdio com Maurício Cersosimo e Alejandra Luciani e Kapital Estúdios (Cabo Verde) - Madagascar| letra(Emicida/Xuxa Levy)REFRÃO
Noites de Madagascar
Quantas estrelas vi ali e seu olhar
Coisas com as quais posso me acostumar
Facim, posso me acostumar facim
Céu azul, verde mar, pássaros, pássaros
Pássaros a cantar, são coisas com as quais
Posso me acostumar, facim
Posso me acostumar, facim
A vida num passe, filme noir, sensual classe Renoir
Como se dançassem, folhas, ondas e a beleza perfuma o ar
Nesse mundão de Oduduwa, ah, ah da pele à flor
Deus nos acuda, Pablo Neruda, bem, são Cem Sonetos de Amor
Soltos, versos de Mia Couto onde eu ria outro e os sons combinam
Ensinam como beijos bons nunca terminam, é surreal
Como machuca a mim quem te quer mal, sim fere, real
Aos carinhos do vento a gente se espreguiça
Com todo tempo a favor da nossa preguiça
Se a dor é cacto, façamos um pacto, já que tu curte um plano
Deixa a espuma dançar no pés que ela leva todo o revés
Eu amo as...
REFRÃO
E quando o sol dorme, dorme
A gente faz amor, so especial for me
(for me) pólen, flor
Que o tempo se torne (torne) onde for
Em algum enorme (enorme) choque esplendor
Tipo patuá, rindo pra zuá, vim do mafuá
Onde chaga, tortura pick uma adaga perfura
Dura, me afaga candura vossa
Nem sei se é minha cura ou nossa
É mão, é cintura, é força, resulta em mistura
Abraços que quase sufocam, sentimentos plow! Igual pipoca
Ok? Entendeu sua loca?
Tantos carinhos, quantos caminhos até chegar em sua boca
Numa aurora reluzente, outras vidas, outras frentes
Tipo o céu e mar, desencontra mas se tromba lá na frente
Eu amo as...
REFRÃO
Ficha técnica
Voz: Emicida e Fattú Djakité
Arranjador: Xuxa Levy
Violão: Kaku Alves
Baixo: Robinho Tavares
Percussão: Ndu Carlos
Beats/Scratches: Dj Nyack
Programações: Emicida e Xuxa Levy
Coro: Jonas Paulo e Fattú Djakité
Piano rhodes, teclados e efeitos especiais: Xuxa Levy
Gravado no Mixnova estúdio com Maurício Cersosimo e Alejandra Luciani e no Kapital Estúdios. - Salve Black “Estilo Livre”| letra(Emicida/Xuxa Levy)REFRÃO
A vida levou cada um de nóiz
pra um canto, tormento, espalha como estrela a sós
Folhas ao vento, eis que tanto tempo após, quatro elementos
Minha família, meu povo, parceria cem por cento
Uuuuh, uh uh uh! Uuuuuuuuuh!!!
Uuuuh, uh uh uh! Uuuuuuuuuh!!!
Uuuuh, uh uh uh! Uuuuuuuuuh!!!
Uuuuh, uh uh uh! Uuuuuuuuuh!!!
[Nego Doido]
Salve, black, aí a ruologia pura está na casa
Lembrando a todos vocês, leste, oeste, norte e sul do nosso Brasil
Segura, negão! Cumprimenta o seu irmão que tá do seu lado
Ceis tão tudo aliado, o rap nacional nos fortalece
A gente conhece, foi um pra cada lado, um mano foi pra um lado
o outro foi resolver os seus problemas e olha só o resultado
Nos encontramos! Aê, Emicida Leandro (Salve!)
O Nego Doido mandando um som
[Emicida]
Calmo como as neblina de manhã
Roots, studio one na lida
Vô tocando minha vida e pã
Monstro pick Fernando Alonso
Eu ainda tô na corrida
Venho das casinha singela
Vilinha, favela
Tem que ter suingue
pra tocar nas panela
Ouvindo Ella Fitzgerald, bela, viu
Numa rotina de dar orgulho na Bela Gil
É o terror, tipo Alligator
Nesses rap aí que planta semente terminator
Pode colar, mas se arrastar num deixo
Ceis que ligue pro Yudi e vão jogar Playstation
Brigado, Cabo Verde, as mina, os cara
Obrigado, Angola, brilhou joia rara
Inda tamo naquela, hip hop não para
O mundo tá doente, eu mando a rima que sara
Sara e pá, tipo saravá, firmão?
Isaque, Carlos, chapa quente irmão
Rei da diamba, aê, satisfação
Pode pá, num esqueci, não
É igual Lakers, Tico, Vinicius, Djose
Zala, Fióti, comigo desde o início
Eu disse que melhores dias viriam
Que corações novos sintonizariam
Entre leis que avariam, pessimamente avaliam
A pureza do coração do sujeito
Se o ódio burro é moda hoje em dia
Eu vim pra ser o amor inteligente a dizer “vê direito”
Tendeu? Salve, Ni Brisant, salve, Renan Inquérito
Salve, Rodrigo Ciríaco, salve, Sérgio Vaz
A rua é nóiz
Paz
REFRÃO
[Nego Doido]
Lembrando também dos verdadeiros, os marginais
que estão às margens da sociedade, da periferia
Que essa humildade, se organizar e chegar na cultura única que nós temos
Nós mesmo temos que se conscientizar, se organizar
Se cadeia está organizada, a rua também tá
Muito obrigado, deixo esse abraço, um mano axé
a todos negrão de cor, assim que é
Os verdadeiro, os maloqueiros, os pichador
Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador
Aí, negrão, aqui é periferia! Muito obrigado
Um abraço a todos, axé
Ficha técnica
Voz: Emicida e Nego Doido
Arranjador: Xuxa Levy
Coro e Palmas: Lakers e Pá, Djose, Alejandra Luciani, Ênio César, Manno G, Xuxa Levy e Emicida.
Scratches: Dj Nyack
Piano e programações: Xuxa Levy
Pandeiro: Carlos Café
Percussão: João Morgado e Yaniki
Bateria: Joel Inga
Guitarra: Texas
Baixo: Mayó Bass
Gravado no Mixnova estúdio com Maurício Cersosimo e Alejandra Luciani e no Estudio Letras e Sons por Valdemar Vilela
Vídeos
Ficha técnica
Uma produção Laboratório Fantasma, dirigida por Evandro Fióti e Emicida
Todas as faixas foram mixadas por Maurício Cersósimo com assistência de Alejandra Luciani no estúdio Mixnova e masterizadas por Tony Dawsey no estúdio Masterdisk, em Nova York.
Projeto idealizado por: Evandro Fióti, Emicida e Renata Almeida
Produção musical: Xuxa Levy
Coprodução: Emicida
Direção visual: Adriel Nunes
Ilustrações: Black Madre Atelier