Língua Franca (2017)
Nascido da união dos brasileiros Emicida e Rael aos portugueses Capicua e Valete, o projeto “Língua Franca” celebra a língua portuguesa falada por todos. Kassin, Fred Ferreira e Nave assinam a produção. Faixa do álbum, “A Chapa É Quente” foi indicada ao Grammy Latino na categoria canção de música urbana.
Faixas
- Amigos| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael/Valete)Aos meus amigos de verdade
Seja no sol ou tempestade
Só age na sinceridade
Sempre por inteiro e nunca na metade
Aos meus amigos de verdade
Até o final, não só de passagem
Sem diz me diz, triste ou feliz
Irmão de raiz, essa aqui eu fiz em tua homenagem
Skate no terminal, no pente, uns instrumental
É quente, noiz viu o Kamau
Né, Tico? Ô, daora
Chegou agora, conto ‘pucêis’
Imagina, eu, Rashid, Projota
Rachando um dog em três
Djose de Acid, PCs à lenha com Zala
Discos na mala, indo depois da Penha
Tribo do tape deck, fez-se rap, cote
Sente, e o gerente do Mc era o Fióti
Nyack nem pick-up tinha, band
Mundiko na Santa Efigênia, trampando em algum stand
Nunca esqueço quando eu vi DJ Vand, chapei
E a mão que noiz trombou o KL Jay
O Brown colou na Olido, cuzão
Cê é louco, nesse dia noiz até perdeu o último busão
Norte, celeiro do suingue sujão
Edi Rock, Spainy & Trutty
Relatos da Invasão
Gratidão
Hei, amiga, foste embora e deixaste-nos sós
Mas eu não vou falar da morte, eu vim falar de nós
Que nos braços uns dos outros apertámos muito
E que na hora do aperto, nós ficámos juntos
E brindámos a ti, contando histórias
Rimos e chorámos por ti, falámos horas
Da velha casa, as nossas fotos, das recordações
E até da sesta no sofá e dos teus palavrões
E quando nada era real ou fazia sentido (nós)
Corremos uns para os outros para estar contigo
Na falta, na espera, na perda, na merda
Na vida ou na morte, a amizade é eterna
E na hora do aperto, apertou-se o laço
E mão na mão, como um balão, o coração ao alto
À tua volta, ali à porta, em conjunto
Foi claro: foste embora, mas deixaste-nos juntos
Aos meus amigos de verdade
Seja no sol ou tempestade
Só age na sinceridade
Sempre por inteiro e nunca na metade
Aos meus amigos de verdade
Até o final, não só de passagem
Sem diz me diz, triste ou feliz
Irmão de raiz, essa aqui eu fiz em tua homenagem
Te chamo de meu mano ou de my broo
É noiz até o final
É pra qualquer parada, demorou
É noiz até o final
Na abundância e nas migalhas
No meio do perigo e da escumalha
Amigo que é amigo nunca falha
Sempre contigo em qualquer batalha
Aos meus amigos de verdade
Seja no sol ou tempestade
Só age na sinceridade
Sempre por inteiro e nunca na metade
Aos meus amigos de verdade
Até o final, não só de passagem
Sem diz me diz, triste ou feliz
Irmão de raiz, essa aqui eu fiz em tua homenagem
Ficha Técnica:
Guitarra: Ricardo Riquier
- (A)tensão!| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Pedro Mauricio)Mundo escuro, medo de um futuro nulo
Tudo é soturno e a Europa ergue o seu muro, juro
Nada é seguro quando o inferno são os outros
Loucos somos, velhos estamos e vamos morrer aos poucos
A lei de onde quem canta é as glocks
Segue a ser - fuck cops!
Ora, assistem nosso caos de fora
Tipo backups
Nova escola, velha escola
Hip hop, rixa feia
Num Brasil que fecha a escola
Pra inaugurar cadeia
Deitados no cartão molhado e o soldado raso de cano apontado
Sem pátria e uma porta fechada na cara, mais nada
Sós no arame farpado, naufrágio, o barco afundado
Só mais um corpo encontrado, morto de morte matada
Garganta seca
Olho encharcado
Utopia
Cês sabia que um dia a conta do extermínio viria
Desde o Santa Maria, é faya
Luz do sol raia
Revelando corpos mortos
Boiando na sua praia
Atenção, tensão
Atenção, tensão
Atenção, atenção
Tensão, tensão
Os conservador retorna
Sem nunca sair do poder
Conserva a dor de quem não se informa
E altera as norma ao bel-prazer
Choca com a Síria
Troca, vire a câmera, foca, mire-a
A última colônia escravista agora
Escraviza a Bolívia
Neurose do Euro, na era do medo, somos todos lixo, bicho
Não há pão, desiste disso, o circo é mau, o palhaço é triste
Morreu a política, multidão acrítica
Quem manda é a dívida, a vida é mínima
Silêncio de tumba na sala
Quer ser livre? Leva bala
Epidemia conformista
Sobre a qual ninguém fala
Infantes com grilhões
Mentes pensantes nas prisões
E o mundo procurando Nemo
E ignorando os tubarões
Quem cala consente, hoje e sempre, e eu não estou do vosso lado
Não vim para vos entreter nem para ser do vosso agrado
É escusado, lista negra, escreve o meu nome na pedra
Porque entre o medo e a letra, eu vou escolher quebrar a regra
(4x)
Atenção, tensão
Atenção, tensão
Atenção, atenção
Tensão, tensão
(2x)
Com as mãos manchadas de sangue, o ditador
Dono da terra e dos diamantes, usurpador
Que dita a regra e dita os ditames, dita o valor
Da vida humana do poeta e do sonhador…
- Gênios Invisíveis | letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Pedro Santos/Rael/Sergio Freitas/Valete/Zé Nando Pimenta)Por onde for, vivo a calçada
Transmite amor, mas ninguém viu nada
Que em cada calçada que eu estava, estava lá mudando o mundo
Muitos não percebiam que ali havia som de conteúdo
Errático como Éder, tu és maçarico
Sou acrobático na batida como Frederico
Neneh Cherry com Paula Perry
A mescla daquele puro movimento anti-fashion
No rap podia ser John Legend ou Chuck Berry
Mas na verdade eu quero ser Tigerman, o Legendary
O activista que nunca se agacha
Pelo povo da Síria continuamos na marcha
E tu achas engraçado chachar lá no bar
A dizer que não te importas como Bashar Al Assad
Ele só difama a ordem lusitana do RAP
Difama mas nunca tira o pijama
Nunca trabalha, só joga na cama
Por isso é que não tá no nosso organigrama
Eu represento o IKONO e rimo com o idioma
Que destrona wannabes e deixa, deixa o teu rap nas lonas
Não tás na caderneta, és só o cromo da zona
Queres ser vedeta, então estuda os meus cromossomas
É a música de encanto que te causa tanta dor
Como se este cantautor rimasse num matadouro
Por onde for, vivo a calçada
Transmite amor, mas ninguém viu nada
Que em cada calçada que eu estava, estava lá mudando o mundo
Muitos não percebiam que ali havia som de conteúdo
Eu tenho o que cães vadios têm, tudo
A eles a fama, a nós, o mundo
Sarjeta de plateia
Calça véia
Nessa dimensão
Quebra-cabeça
Monta os coração
Por isso as crianças dão atenção
Minha transa é com o som pasmo
Benze que sou Kendrick ou Hendrix
Fazendo a quita com orgasmo
Entende que independe de asno dispersa
Por isso eles vice
A gente versa
Sou rádio sem conversa
Ligo o extremo sem pedágio
Igual a porra da Dersa
Sozinho no quarto, uma porrada dessa
É tipo um trabalho de parto
Mas fico e aqui começa
Gordo Rick Rozay, peso nas caneta
A pele preta estoca flow rei
Não é superficial estilo la Doutor Ray
Calçadas e barulhos saca hip hop, hooray
Por onde for, vivo a calçada
Transmite amor, mas ninguém viu nada
Que em cada calçada que eu estava, estava lá mudando o mundo
Muitos não percebiam que ali havia som de conteúdo
Toda a gente olhou a pedra e ninguém viu o diamante
Toda a gente olhou a pedra e ninguém viu o diamante
Toda a gente olhou a tela e ninguém viu ali a arte
Toda a gente olhou a tela e ninguém viu ali a arte
Chapéu vazio no chão e um céu cheio de estrelas
Chapéu vazio no chão e um céu cheio de estrelas
E um milhão de sonhadores a tentar ser uma delas
E um milhão de sonhadores a tentar ser uma delas
Por onde for, vivo a calçada
Transmite amor, mas ninguém viu nada
Que em cada calçada que eu estava, estava lá mudando o mundo
Muitos não percebiam que ali havia som de conteúdo
Ninguém viu, ninguém viu
Ninguém viu, ninguém viu
Ninguém viu, ninguém viu
Ninguém viu, ninguém viu
Ninguém
Ficha técnica
Piano: Sérgio Freitas
Baixo: Pedro Santos
MPC: Rolando Sá
- AFROdite| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael/Sara Tavares)Rainha ginga, Axanti,
Makeda Queen of Shaba
Escrava Isaura
Usa a tua sabedoria
Oi oi oi oi…
Amora agora é pós-graduação, ora
Três hora de busão, orgulho da senhora
Trampo de dia, noite “facul”
Bora
Não se deixou destruir
É o poema da Cora
Coralina, Moralina, desde Ruth, Carolina
Ela curte Clementina, Fela Kuti
Jovelina, bamba
Riso de Luanda
É Zambi que manda
Axé na guia, alegria
Saravá, sua banda
Mil produtos pra tês com carinho
Tipo pequeno burguês do Martinho
Versão fêmea, é
Cor dos chocolates de São Tomé
Corre tanto na direta
Pensam que ela é gêmea
É poucas pra piadinha, viu, treta
Morena não, preta
Cacheada não, crespa
A vó é ex-diarista, te benze
A nós o universo
Aos racistas o banheiro do Mackenzie
Rainha ginga, Axanti,
Makeda Queen of Shaba
Escrava Isaura
Usa a tua sabedoria
Oi oi oi oi…
Vem de Luanda
Com a fé, com amor que emana
Fez ciranda
Com calor que mantém essa chama
E virou canção, ora
No meu coração mora
Tem as Efigênias e as Mariama
És fruto do Quênia, gira de baiana
Habita e transita por vários hit do samba, dos reggaes e dos afrobeats
Ela anda sem limites, acelera o pitch
Quem ouve já logo pede repeat dela
És bela e tranquila
Os mano faz fila
E soa como batida do Dilla
Dispensa o Sansão
Inspirou Dalila
Nas ruas do mundão ela desfila
Rainha ginga, Axanti,
Makeda Queen of Shaba
Escrava Isaura
Usa a tua sabedoria
Oi oi oi oi…
Carapinha erguida, tens tiara de rainha Ginga
“Qual é o pente que te penteia?”
Como Caetano diria, digo “você é linda”
Abelha-rainha és tu que mandas na colmeia
Ser forte como tu e como Erykah Badu
E o porte de Mandela nela, Ubuntu!
E a sorte de ser bela como só ela, tu
Tens brilho de estrela assim negra como ébano
Nefertiti de Graffiti tu és
Assim coberta de cores da cabeça aos pés
No rosto da primeira mulher, a africana
Vês o rosto de todas as mulheres da raça humana
O borogodó e aquele je ne sais quoi
Há um certo xodó naquele “chega pra lá”
E não te atrevas a dizer que ela vem da tua costela
Se até Adão saiu de dentro da barriga dela
Rainha ginga, Axanti,
Makeda Queen of Shaba
Escrava Isaura
Usa a tua sabedoria
Oi oi oi oi…
Tu és feita da cor do universo
Tu és precioso, chocolate de ouro
Mana Sara do lado de cá
Mana Sara do lado de lá
Deixa a carapinha livre
Brilha como o sol
Ficha técnica
Músico convidado: Sara Tavares
- Egotrip - part. Coruja BC1| letra(Capicua/Coruja BC1/Emicida/Fred/Kassin/Nave) Samples: "Só", "Porque Eu Rimo", "Estilo Cachorro", "Capítulo 4, Versículo 3", "Poetas de Karaokê", "DDI", "Morra Bem, Viva Rápido", "Eles não Sabem"Éramos só garotos
Tipo Patti Smith
Mas Bessie Smith, saca?
Rebelde paca
Pondo estresse nos beat
Igual Nelson Maca
Vim testar o limite com a tese
E as rima em forma é tipo Gabriela Pugliesi
Poesia rica
Matou tanto MC
Que até doença quando mata
Agora já chamam de zika
A estratosfera no voo
Pode olhar
Rappers que voam baixo
Ao me ver já fazem cara de enjoo
Todos sabem
Vim do nada
Mestre em dominar cidades inteiras
Partindo das quebradas
Vixi, man
Eu quero é mais
Essas rima linda e pesada
Podia ser tudo modelos plus size
Neymar que dribla Blazer
Trazendo mais fã
Pro lado negro da força
Do que o Darth Vader
Tendeu, tio?
Depois de mim
A coisa ficou preta
Vai ser o novo ISO 9000
“Jogou o ego…”
“Só eu, minha culpa meu mérito…”
“Jogou o ego…”
“O bon vivant jamais mostra o ponto fraco…”
“Jogou o ego…”
“Repressão não me fez o vilão, fez um poeta...”
“Jogou o ego…”
“Eu faço poesia, a maioria faz verso...”
Não se trata de ter sorte, o êxito é mérito
Mantenho o sonho forte, exercito o inédito
Só faço o que apetece, é isso que chateia, né
Até quem desmerece vai cair na minha teia, Zé
Mulher-Aranha, tenho a manha de viúva-negra
Ninguém me apanha, tenho a fama de fugir à regra
Não acompanham e se ganham é juízo, dread
Aceita que dói menos, sabemos que tás na merda
Já sei que ficarei só, sem dó na competição
Esta distância entre nós chama-se comparação
Enquanto comes o pó, sou pró na contramão
Aumento mais a distância; chama-se humilhação
Trabalho de formiga pra cantar como cigarra
Não há farra sem fadiga, não há fuga sem amarra
A rima foi a saída, é o rap quem me sustém
A tinta dum poeta é como leite de mãe
“Jogou o ego…”
“Só eu, minha culpa, meu mérito…”
“Jogou o ego…”
“O bon vivant jamais mostra o ponto fraco…”
“Jogou o ego…”
“Tenho vivido tudo que tens ouvido....”
“Jogou o ego…”
“Eu vim pra cá e perder não é uma opção...”
Tijolo à vista
Autoestima no lixo que eu reciclei
Mutação dos fundo de busão
Aos aeroporto que eu passei
Ouvi falar
Conselho tutelar tá puto
Evidente, meus verso obriga crianças
A escreverem igual adulto
Em papo de cosplay
Falta caneta
Por isso não entro em mais estúdios
Com MCs que eu corrijo a letra
Quando fracos rimam
Ouvidos abrem greve
Me xinga
Mas parafraseia tudo que minha banca escreve
Roubei tanto a cena
Que agora tua esperança é a quina
É o ano do Coruja
Avisa o calendário da China
Noiz num era o Mazzaropi? Entende
Fato é que mesmo com os recurso de Spielberg
Teus filme não vende
Verso que assusta igual a trombar um fantasma no deserto
Então se for ver, eu tô no selo certo
Racionais, Sabotage, Emicida
Os rei, professor
Fiz essa aqui pra deixar registrado
Quem é o sucessor
“Jogou o ego…”
“Só eu, minha culpa, meu mérito...”
“Jogou o ego…”
“O bon vivant jamais mostra o ponto fraco…”
“Jogou o ego…”
“Eu faço poesia, a maioria faz verso...”
“Jogou o ego…”
“Tenho vivido tudo que tens ouvido...”
“Jogou o ego…”
“Repressão não me fez o vilão, fez um poeta...”
“Jogou o ego…”
“Eu vim pra cá e perder não é uma opção...”
“Jogou o ego…”
“E eu procuro ideias que expulsem meus demônios...”
“Jogou o ego…”
“Eu sou bem pior do que você tá vendo...”
Ficha técnica
Músicos convidados: Coruja BC1, DJ Nyack
- A Chapa É Quente!| letra(Emicida/Fred/Kassin/Nave)São tribos inimigas
Exércitos e fronteiras
São guerras, são brigas, quebradas
São ruas e ruas virando trincheiras
E se trombar
Noiz vai cobrar
Que é olho por olho
Dente por dente
A chapa é quente, quente, quente, quente
A chapa é quente
Esses moleque arrastaram, causaram
Derrubaram as moto
Bateram nos carro
Tretaram com as tia, zarparam
Festa é festa, fica na paz
Tem mano que bebe demais
Um quer ser mais homem que o outro
Termina com corpo embaixo dos jornais
As mina dançando
E do nada uns estalo, ficou tipo rinha de galo
Uma pá de ganso moiou a quebrada
Os rato cinza pisando no calo
É osso, tô ligado
Não tô aqui de advogado
Se tromba o irmão no apetite é o seguinte
Azeda, é embaçado
Então, merece um sumário, truta
Uma pá de filho da...
Tinha que servir de exemplo memo
Pros bico pensar na conduta
Então, qual vai ser? Fala pra mim
Cobra pesado os moleque assim
A mesma história de sempre com a gente
Parece que isso nunca vai ter fim
Quebrada é quebrada, vários combate
Cada um faz sua parte
Fala “pucê”, eles têm que aprender
Tem mano que não tá pra debate
Tá na razão, mano
Mas pega a visão que eu tô te passando
Em qual parte dessa história
Não era só noiz que tava se matando
São tribos inimigas
Exércitos e fronteiras
São guerras, são brigas, quebradas
São ruas e ruas virando trincheiras
E se trombar
Noiz vai cobrar
Que é olho por olho
Dente por dente
A chapa é quente, quente, quente, quente
A chapa é quente
Esses moleque arrastaram, causaram
Derrubaram a moto
Bateram nos carro
Tretaram com as tia, zarparam
Festa é festa, fica na paz
Tem mano que bebe demais
Um quer ser mais homem que o outro
Termina com corpo embaixo dos jornais
As mina dançando
Do nada uns estalo, ficou tipo rinha de galo
Uma pá de ganso moiou a quebrada
E só rato cinza pisando no calo
Pô, é osso, tô ligado
Não tô aqui de advogado
Se tromba o irmão no apetite é o seguinte
Azeda, é embaçado
Então, merece um sumário, truta
Uma pá de filho da puta
Tinha que servir de exemplo memo
Pros bico pensar na conduta
Então, qual vai ser? Fala pra mim
Cobra pesado os moleque assim
É a mesma história de sempre com a gente
Nunca que isso tem fim
Quebrada é quebrada, vários combate
Cada um faz sua parte
Falar pra você, eles têm que aprender
Tem mano que não tá pra debate
Cê tá na razão, meu mano
Mas pega a visão que eu tô te passando
Em qual parte da história
Não era só isso de noiz se matando
São tribos inimigas
Exércitos e fronteiras
São guerras, são brigas, quebradas
São ruas e ruas virando trincheiras
E se trombar
Noiz vai cobrar
Que é olho por olho
Dente por dente
A chapa é quente, quente, quente, quente
A chapa é quente
- Modo de Voo| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael)Eu até queria acordar mas os olhos não me obedecem
De 10 em 10 minutos calo o alarme e esqueço-me
Do mundo, do futuro, e que segundo a minha agenda
Hoje é segunda e num segundo ali no escuro isso é uma lenda
Até queria trabalhar mas o corpo não me responde
Hoje o pensamento foge e estou cada vez mais longe
Em modo voo olha pra mim num pijama a planar
Descabelada por cima da minha cama
Ana é o meu nome, mas hoje mudei pra Bela
E vou ficar adormecida fechada no meu castelo
Ai de quem abra a janela, que eu exijo proteção
Do Greenpeace, sou preguiça e entrei em hibernação
(2x)
Eu tô numa de relaxar
Nem o Google vai me achar
É daquela paz lá de Jah
Que eu preciso
Combina a cor do Force1
White, white
Zapp & Roger
It’s gonna be alright
Ou Betty Wright, saca?
Tonight is the night
A gata, quando uso Porsche
Eu tô bem James, I feel nice
Ontem foi grave como traps
Hoje foda-se a bússola
Meu coração espanca
O Google Maps
Portas em automático
Mundo sádico
É tanta boca quente
Que a gente se torna o Ártico
Cantando igual cigarra
Por noiz e por mim
Gracias a la vida, tendeu?
Violeta Parra
Agarra a chance, garra ao lance
É estilo ninja
Eu vim com a minha Vênus
E ela deixou minha boca doce, tipo o ginja
(2x)
Eu tô numa de relaxar
Nem o Google vai me achar
É daquela paz lá de Jah
Que eu preciso
Mano, eu vou ali comprar um chá
Pode ser de sensimilla pra me assimilar que
Minha mente precisa de calma, de brisa
Não Master nem Visa
De parar pra estacionar
Mas sem baliza
Sem papos de crise
Placas de não pise
Ninguém de alma ruim que minimize
Calada e calor
Descalço na areia
E a paz vai transcorrendo na minha veia
Sem internet, nada de notificação
Pra não dispersar esse momento em recessão
Um drink pra fazer a climatização
Aguenta coração, vai
(2x)
Eu tô numa de relaxar
Nem o Google vai me achar
É daquela paz lá de Jah
Que eu preciso
- Vivendo com a Morte| letra(Capicua/Fred/Kassin/Nave/Rael)Como é que eu vivo com a morte
Como é que eu convivo com a finitude
Como é que me pedem para ser forte
Quando ela não respeita nem a juventude
Não gosto do seu cheiro, das flores meladas
Do choro, das velas, das noites passadas em claro
É como um fumo em redor
Entranhado na roupa, cobrindo de dor
Caixa preta, pesada ampulheta
Guilhotina ou meta, é certa, que não seja lenta
A minha, a de quem amo, a de quem não conheço
Água gelada que encharca por dentro
A precoce, a injusta, a escusada, cruel
Viver com a revolta sem ter fé no céu
Como? Em perspectiva ou realidade
Somos conscientes da mortalidade
Como o único animal, o único animal
Somos o único animal consciente da mortalidade
Como é que eu vivo com a morte
Essa que acentua o nosso privilégio
Como é que eu vivo com essa sorte
E vou aproveitando o meu sortilégio
E quanto à morte do planeta
Como é que se vive com uma arma na cabeça
É, e quanto à morte do planeta
Como é que se vive com uma arma na cabeça
Levando uma vida
Flertando com a morte
Permanecer vivo
É ter fé, não ter sorte
(2x)
Eu sigo protegido pelos meus ancestrais
A morte o levou
Mas a História os faz
Eternos
Saudade de ouvir você dizer moleque
Na verdade demorei pra fazer um rap
Falando da lacuna que deixou
Do semblante vazio quando o caixão se fechou
A morte quando vem ela nem avisa
Carrega até quem ela nem precisa
Carente de atenção ela aterroriza
A mente e o coração que nunca cicatriza
Que nem Miaque
Irmão do Mariano
Pro Time do Loko um baque
Até hoje se perguntando
Mano, o que é aquilo
Que cena foi aquela
Moleque novo, tranquilo
Deixou uma menina bela
Que falta faz
O Claudinho, Garguela
Parece que a morte gosta
Mais de preto e de favela
Porra, são sempre os mesmos
Encapuzados, vários disparos
E fazem como fez em Costa Barros
Levando uma vida
Flertando com a morte
Permanecer vivo
É ter fé, não ter sorte
(2x)
Eu sigo protegido pelos meus ancestrais
A morte o levou
Mas a História os faz
Eternos
- Ideal | letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael)Não tem padrão nem clichê
A minha visão é livre
Há quem diga
Que minha vida pra você
Não é ideal, ideal, ideal, ideal
Mas vem comigo que eu te passo a visão
És como um sorvete, eu quero sorver-te
Eu quero derreter-te e ter-te por perto
Mas tu não sabes disso que eu nunca te disse
Mas também não é preciso, olha o meu sorriso
É chocolate e menta, o batimento aumenta
Tu deitas pimenta e a receita bate certo
Mas sem compromisso que eu não gosto disso
É que o abstrato nisto vai ser muito mais concreto
Olha os discos na minha prateleira
Thelonious Monk
De contracultura maneira
Que nem os punk
Mostrando a visão verdadeira
Que não te tranque
Cé loko, cachoeira
Pereira funk
Te tiro de toda sujeira virtual
Te faço uma rima ligeira, marginal
Você se derrete inteira, natural
Tá bom, já entendeu que meu mundo é ideal
Não tem padrão nem clichê
A minha visão é livre
Há quem diga
Que minha vida pra você
Não é ideal, ideal, ideal, ideal
Mas vem comigo que eu te passo a visão
Índia, vi mais infernos do que Constantine
Lutando por amor igual Patrine
Mãe D’Água de Caymmi seca as mágoa
Redefine a vida amarga, agora é sublime
Se entrega
Se a poesia é boa, a ferrugem não pega
Pois é, dizem que um homem precisa de um vício
Então vem ser o meu cigarro, meu café
Aquele beijo foi um pause
O que é que eu faço
Tô de mudança
Eu vou morar no seu abraço
Cabuloso Pinxinguinha, Carinhoso
Tá delícia, tá gostoso
Eu vim xavozo
“Pruns” amassos
Uma pá de coisa más pra desunir
Pra resumir fiz sumir
Puro uni duni tê
Dançamos na chegada
Cata um vinho, toca o fado da Carminho
Saia rodada
Não tem padrão nem clichê
A minha visão é livre
Há quem diga
Que minha vida pra você
Não é ideal, ideal, ideal, ideal
Mas vem comigo que eu te passo a visão
(3x)
Manjericão, abacaxi, chocolate
Morango, limão, maracujá e abacate
Baunilha, melão, café, avelã e menta
Coco com banana, caramelo com pimenta
Ficha técnica
Coro: Gabriela Riley
- Ela| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael/Valete)Meu nome é Ana e sou viciada em música
É ela quem me chama quando eu já não estou lúcida
Quando o mundo desaba e o coração se quebra é ela
Que o cola e sara, ela é que me devolve à terra
Ella como Fitzgerald, dura como a battle
Eu gosto dela negra como heavy metal
Bela com som ou a capella, zuka como novela
Tuga como a minha terra ou afro como o Fela
Ela é como um exorcismo e eu cismo em viver dela
É imprevista como um sismo e eu finjo conhecê-la
Sê-la é o que eu faço hoje, foi a única saída
E foi um DJ, de facto, que salvou a minha vida
Noite camufla
Sumo, supra-sumo
Eu, rumo ao abismo
Tipo Gizmo batismo
Domínio, uno
Luzes do globo
Cores do todo diz
Dá até a impressão que todo mundo é feliz
Os ladrão e as meretriz
Brindes de fel
Lembrei da voz do Blue
Os passarinho e as cascavel
Veneno é mel no inferno
Sou Xangô sem alarde
Minha alma não vai se fundir com os covarde
Vim pelo som
Meu bom, meu dom, meu deus
Zoom no piston, toca, alvo da fé dos ateus
Tonelada e mais tonelada de tretas, sujeira
Solidão como karma e a música de companheira
Fui
Ela surge como um vendaval
Força que me faz existir
És enredo do meu Carnaval
Ela é Jamelão, Zé Keti
Ela quem me afasta do mal
Me livra dos pé de breque
Minha oração, ritual
Ela é quem é
Pra mim biográfico, pra ti cinematográfico
Eu estava nos barracos dos bairros problemáticos
Meus putos estavam na batida do dinheiro rápido
A tentar sair do buraco através do narcotráfico
Meu mano Dida disse Viris, vê se te resguardas
Fica na retaguarda, nesta vida não te enquadras
Aqui é só vender quartas, fugir dos guardas
Correria e esquadras, a tua cena são as quadras
Larguei a rua insana, resolvi rimar o panorama
Hoje sentes os quilogramas de versos que eu kamasutro
Divulgo a trama nesta minha rotina suburbana
Componho dramas tão vívidos, chamam-me de dramaturgo
Metade dos meus manos hoje estão encarcerados
Meu mano Osvaldo, baleado e enterrado
Tenho sempre as caras deles nos meus pesadelos
Se não me tivesse afastado teria acabado como eles
Hoje sou eremita, veículo da rima honesta
Compenetrado como um islamita na mesquita
E eu limo arestas nestas palavras funestas
Lágrimas e luto, não há festa nesta escrita
(4x)
Ela, ela é
Ela, ela, ela é quem é
Ela
Ela surge como um vendaval
Força que me faz existir
És enredo do meu carnaval
Ela é Jamelão, Zé Keti
Ela quem me afasta do mal
Me livra dos pé de breque
Minha oração, ritual
Ela é quem é
Ficha técnica
Fender Rhodes: Francis Dale
Vídeos
Ficha técnica
Gravadora: Sony Music
Selo: Laboratório Fantasma
Direção artística: Evandro Fióti e Paula Homem Produção executiva: Evandro Fióti
Assistente: Raissa Fumagalli
Direção de arte e ilustração: André Maciel (Black Madre ateliê)
Produção musical: Fred, Kassin e Nave
Mixagem: Maurício Cersosimo no Mixnova Studio, em São Paulo (Brasil).
Assistente de estúdio: Alejandra Luciani
Estudios adicionais: Estúdio Eiffel, em Santo André (Brasil) – assistente Marco Antonio Pereira Esteves, Estúdio Meifumado/Iá em Lisboa (Portugal); e Estúdio Aurora, em São Paulo (Brasil).
Masterizado por Maurício Gargel (Maurício Gargel Audio Mastering), em São Paulo (Brasil)