Língua Franca (2017)

Nascido da união dos brasileiros Emicida e Rael aos portugueses Capicua e Valete, o projeto “Língua Franca” celebra a língua portuguesa falada por todos. Kassin, Fred Ferreira e Nave assinam a produção. Faixa do álbum, “A Chapa É Quente” foi indicada ao Grammy Latino na categoria canção de música urbana.

Faixas

  1. Amigos| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael/Valete)
    Aos meus amigos de verdade
    Seja no sol ou tempestade
    Só age na sinceridade
    Sempre por inteiro e nunca na metade

    Aos meus amigos de verdade
    Até o final, não só de passagem
    Sem diz me diz, triste ou feliz
    Irmão de raiz, essa aqui eu fiz em tua homenagem

    Skate no terminal, no pente, uns instrumental
    É quente, noiz viu o Kamau
    Né, Tico? Ô, daora
    Chegou agora, conto ‘pucêis’

    Imagina, eu, Rashid, Projota
    Rachando um dog em três
    Djose de Acid, PCs à lenha com Zala
    Discos na mala, indo depois da Penha

    Tribo do tape deck, fez-se rap, cote
    Sente, e o gerente do Mc era o Fióti
    Nyack nem pick-up tinha, band
    Mundiko na Santa Efigênia, trampando em algum stand

    Nunca esqueço quando eu vi DJ Vand, chapei
    E a mão que noiz trombou o KL Jay
    O Brown colou na Olido, cuzão
    Cê é louco, nesse dia noiz até perdeu o último busão

    Norte, celeiro do suingue sujão
    Edi Rock, Spainy & Trutty
    Relatos da Invasão
    Gratidão

    Hei, amiga, foste embora e deixaste-nos sós
    Mas eu não vou falar da morte, eu vim falar de nós
    Que nos braços uns dos outros apertámos muito
    E que na hora do aperto, nós ficámos juntos


    E brindámos a ti, contando histórias
    Rimos e chorámos por ti, falámos horas
    Da velha casa, as nossas fotos, das recordações
    E até da sesta no sofá e dos teus palavrões


    E quando nada era real ou fazia sentido (nós)
    Corremos uns para os outros para estar contigo
    Na falta, na espera, na perda, na merda
    Na vida ou na morte, a amizade é eterna


    E na hora do aperto, apertou-se o laço
    E mão na mão, como um balão, o coração ao alto
    À tua volta, ali à porta, em conjunto
    Foi claro: foste embora, mas deixaste-nos juntos

    Aos meus amigos de verdade
    Seja no sol ou tempestade
    Só age na sinceridade
    Sempre por inteiro e nunca na metade

    Aos meus amigos de verdade
    Até o final, não só de passagem
    Sem diz me diz, triste ou feliz
    Irmão de raiz, essa aqui eu fiz em tua homenagem

    Te chamo de meu mano ou de my broo
    É noiz até o final
    É pra qualquer parada, demorou
    É noiz até o final

    Na abundância e nas migalhas
    No meio do perigo e da escumalha
    Amigo que é amigo nunca falha
    Sempre contigo em qualquer batalha

    Aos meus amigos de verdade
    Seja no sol ou tempestade
    Só age na sinceridade
    Sempre por inteiro e nunca na metade

    Aos meus amigos de verdade
    Até o final, não só de passagem
    Sem diz me diz, triste ou feliz
    Irmão de raiz, essa aqui eu fiz em tua homenagem

    Ficha Técnica:
    Guitarra: Ricardo Riquier
  2. (A)tensão!| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Pedro Mauricio)
    Mundo escuro, medo de um futuro nulo
    Tudo é soturno e a Europa ergue o seu muro, juro
    Nada é seguro quando o inferno são os outros
    Loucos somos, velhos estamos e vamos morrer aos poucos

    A lei de onde quem canta é as glocks
    Segue a ser - fuck cops!
    Ora, assistem nosso caos de fora
    Tipo backups


    Nova escola, velha escola
    Hip hop, rixa feia
    Num Brasil que fecha a escola
    Pra inaugurar cadeia

    Deitados no cartão molhado e o soldado raso de cano apontado
    Sem pátria e uma porta fechada na cara, mais nada
    Sós no arame farpado, naufrágio, o barco afundado
    Só mais um corpo encontrado, morto de morte matada

    Garganta seca
    Olho encharcado
    Utopia
    Cês sabia que um dia a conta do extermínio viria

    Desde o Santa Maria, é faya
    Luz do sol raia
    Revelando corpos mortos
    Boiando na sua praia

    Atenção, tensão
    Atenção, tensão
    Atenção, atenção
    Tensão, tensão

    Os conservador retorna
    Sem nunca sair do poder
    Conserva a dor de quem não se informa
    E altera as norma ao bel-prazer


    Choca com a Síria
    Troca, vire a câmera, foca, mire-a
    A última colônia escravista agora
    Escraviza a Bolívia


    Neurose do Euro, na era do medo, somos todos lixo, bicho
    Não há pão, desiste disso, o circo é mau, o palhaço é triste
    Morreu a política, multidão acrítica
    Quem manda é a dívida, a vida é mínima

    Silêncio de tumba na sala
    Quer ser livre? Leva bala
    Epidemia conformista
    Sobre a qual ninguém fala

    Infantes com grilhões
    Mentes pensantes nas prisões
    E o mundo procurando Nemo
    E ignorando os tubarões

    Quem cala consente, hoje e sempre, e eu não estou do vosso lado
    Não vim para vos entreter nem para ser do vosso agrado
    É escusado, lista negra, escreve o meu nome na pedra
    Porque entre o medo e a letra, eu vou escolher quebrar a regra

    (4x)
    Atenção, tensão
    Atenção, tensão
    Atenção, atenção
    Tensão, tensão

    (2x)
    Com as mãos manchadas de sangue, o ditador
    Dono da terra e dos diamantes, usurpador
    Que dita a regra e dita os ditames, dita o valor
    Da vida humana do poeta e do sonhador…
  3. Gênios Invisíveis | letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Pedro Santos/Rael/Sergio Freitas/Valete/Zé Nando Pimenta)
    Por onde for, vivo a calçada
    Transmite amor, mas ninguém viu nada
    Que em cada calçada que eu estava, estava lá mudando o mundo
    Muitos não percebiam que ali havia som de conteúdo

    Errático como Éder, tu és maçarico
    Sou acrobático na batida como Frederico
    Neneh Cherry com Paula Perry
    A mescla daquele puro movimento anti-fashion

    No rap podia ser John Legend ou Chuck Berry
    Mas na verdade eu quero ser Tigerman, o Legendary
    O activista que nunca se agacha
    Pelo povo da Síria continuamos na marcha

    E tu achas engraçado chachar lá no bar
    A dizer que não te importas como Bashar Al Assad
    Ele só difama a ordem lusitana do RAP
    Difama mas nunca tira o pijama

    Nunca trabalha, só joga na cama
    Por isso é que não tá no nosso organigrama
    Eu represento o IKONO e rimo com o idioma
    Que destrona wannabes e deixa, deixa o teu rap nas lonas

    Não tás na caderneta, és só o cromo da zona
    Queres ser vedeta, então estuda os meus cromossomas
    É a música de encanto que te causa tanta dor
    Como se este cantautor rimasse num matadouro

    Por onde for, vivo a calçada
    Transmite amor, mas ninguém viu nada
    Que em cada calçada que eu estava, estava lá mudando o mundo
    Muitos não percebiam que ali havia som de conteúdo

    Eu tenho o que cães vadios têm, tudo
    A eles a fama, a nós, o mundo
    Sarjeta de plateia
    Calça véia

    Nessa dimensão
    Quebra-cabeça
    Monta os coração
    Por isso as crianças dão atenção

    Minha transa é com o som pasmo
    Benze que sou Kendrick ou Hendrix
    Fazendo a quita com orgasmo

    Entende que independe de asno dispersa
    Por isso eles vice
    A gente versa

    Sou rádio sem conversa
    Ligo o extremo sem pedágio
    Igual a porra da Dersa

    Sozinho no quarto, uma porrada dessa
    É tipo um trabalho de parto
    Mas fico e aqui começa

    Gordo Rick Rozay, peso nas caneta
    A pele preta estoca flow rei
    Não é superficial estilo la Doutor Ray
    Calçadas e barulhos saca hip hop, hooray

    Por onde for, vivo a calçada
    Transmite amor, mas ninguém viu nada
    Que em cada calçada que eu estava, estava lá mudando o mundo
    Muitos não percebiam que ali havia som de conteúdo

    Toda a gente olhou a pedra e ninguém viu o diamante
    Toda a gente olhou a pedra e ninguém viu o diamante
    Toda a gente olhou a tela e ninguém viu ali a arte
    Toda a gente olhou a tela e ninguém viu ali a arte
    Chapéu vazio no chão e um céu cheio de estrelas
    Chapéu vazio no chão e um céu cheio de estrelas
    E um milhão de sonhadores a tentar ser uma delas
    E um milhão de sonhadores a tentar ser uma delas

    Por onde for, vivo a calçada
    Transmite amor, mas ninguém viu nada
    Que em cada calçada que eu estava, estava lá mudando o mundo
    Muitos não percebiam que ali havia som de conteúdo

    Ninguém viu, ninguém viu
    Ninguém viu, ninguém viu
    Ninguém viu, ninguém viu
    Ninguém viu, ninguém viu
    Ninguém

    Ficha técnica
    Piano: Sérgio Freitas
    Baixo: Pedro Santos
    MPC: Rolando Sá
  4. AFROdite| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael/Sara Tavares)
    Rainha ginga, Axanti,
    Makeda Queen of Shaba
    Escrava Isaura
    Usa a tua sabedoria
    Oi oi oi oi…

    Amora agora é pós-graduação, ora
    Três hora de busão, orgulho da senhora
    Trampo de dia, noite “facul”
    Bora
    Não se deixou destruir
    É o poema da Cora

    Coralina, Moralina, desde Ruth, Carolina
    Ela curte Clementina, Fela Kuti
    Jovelina, bamba

    Riso de Luanda
    É Zambi que manda
    Axé na guia, alegria
    Saravá, sua banda

    Mil produtos pra tês com carinho
    Tipo pequeno burguês do Martinho
    Versão fêmea, é
    Cor dos chocolates de São Tomé
    Corre tanto na direta
    Pensam que ela é gêmea

    É poucas pra piadinha, viu, treta
    Morena não, preta
    Cacheada não, crespa
    A vó é ex-diarista, te benze
    A nós o universo
    Aos racistas o banheiro do Mackenzie

    Rainha ginga, Axanti,
    Makeda Queen of Shaba
    Escrava Isaura
    Usa a tua sabedoria
    Oi oi oi oi…

    Vem de Luanda
    Com a fé, com amor que emana
    Fez ciranda
    Com calor que mantém essa chama

    E virou canção, ora
    No meu coração mora
    Tem as Efigênias e as Mariama
    És fruto do Quênia, gira de baiana

    Habita e transita por vários hit do samba, dos reggaes e dos afrobeats
    Ela anda sem limites, acelera o pitch
    Quem ouve já logo pede repeat dela

    És bela e tranquila
    Os mano faz fila
    E soa como batida do Dilla

    Dispensa o Sansão
    Inspirou Dalila
    Nas ruas do mundão ela desfila

    Rainha ginga, Axanti,
    Makeda Queen of Shaba
    Escrava Isaura
    Usa a tua sabedoria
    Oi oi oi oi…

    Carapinha erguida, tens tiara de rainha Ginga
    “Qual é o pente que te penteia?”
    Como Caetano diria, digo “você é linda”
    Abelha-rainha és tu que mandas na colmeia

    Ser forte como tu e como Erykah Badu
    E o porte de Mandela nela, Ubuntu!
    E a sorte de ser bela como só ela, tu
    Tens brilho de estrela assim negra como ébano

    Nefertiti de Graffiti tu és
    Assim coberta de cores da cabeça aos pés
    No rosto da primeira mulher, a africana
    Vês o rosto de todas as mulheres da raça humana

    O borogodó e aquele je ne sais quoi
    Há um certo xodó naquele “chega pra lá”
    E não te atrevas a dizer que ela vem da tua costela
    Se até Adão saiu de dentro da barriga dela

    Rainha ginga, Axanti,
    Makeda Queen of Shaba
    Escrava Isaura
    Usa a tua sabedoria
    Oi oi oi oi…

    Tu és feita da cor do universo
    Tu és precioso, chocolate de ouro
    Mana Sara do lado de cá
    Mana Sara do lado de lá
    Deixa a carapinha livre
    Brilha como o sol

    Ficha técnica
    Músico convidado: Sara Tavares
  5. Egotrip - part. Coruja BC1| letra(Capicua/Coruja BC1/Emicida/Fred/Kassin/Nave) Samples: "Só", "Porque Eu Rimo", "Estilo Cachorro", "Capítulo 4, Versículo 3", "Poetas de Karaokê", "DDI", "Morra Bem, Viva Rápido", "Eles não Sabem"
    Éramos só garotos
    Tipo Patti Smith
    Mas Bessie Smith, saca?
    Rebelde paca
    Pondo estresse nos beat
    Igual Nelson Maca
    Vim testar o limite com a tese
    E as rima em forma é tipo Gabriela Pugliesi
    Poesia rica
    Matou tanto MC
    Que até doença quando mata
    Agora já chamam de zika
    A estratosfera no voo
    Pode olhar
    Rappers que voam baixo
    Ao me ver já fazem cara de enjoo
    Todos sabem
    Vim do nada
    Mestre em dominar cidades inteiras
    Partindo das quebradas

    Vixi, man
    Eu quero é mais
    Essas rima linda e pesada
    Podia ser tudo modelos plus size
    Neymar que dribla Blazer
    Trazendo mais fã
    Pro lado negro da força
    Do que o Darth Vader
    Tendeu, tio?
    Depois de mim
    A coisa ficou preta
    Vai ser o novo ISO 9000

    “Jogou o ego…”
    “Só eu, minha culpa meu mérito…”
    “Jogou o ego…”
    “O bon vivant jamais mostra o ponto fraco…”
    “Jogou o ego…”
    “Repressão não me fez o vilão, fez um poeta...”
    “Jogou o ego…”
    “Eu faço poesia, a maioria faz verso...”

    Não se trata de ter sorte, o êxito é mérito
    Mantenho o sonho forte, exercito o inédito
    Só faço o que apetece, é isso que chateia, né
    Até quem desmerece vai cair na minha teia, Zé
    Mulher-Aranha, tenho a manha de viúva-negra
    Ninguém me apanha, tenho a fama de fugir à regra
    Não acompanham e se ganham é juízo, dread
    Aceita que dói menos, sabemos que tás na merda
    Já sei que ficarei só, sem dó na competição
    Esta distância entre nós chama-se comparação
    Enquanto comes o pó, sou pró na contramão
    Aumento mais a distância; chama-se humilhação
    Trabalho de formiga pra cantar como cigarra
    Não há farra sem fadiga, não há fuga sem amarra
    A rima foi a saída, é o rap quem me sustém
    A tinta dum poeta é como leite de mãe

    “Jogou o ego…”
    “Só eu, minha culpa, meu mérito…”
    “Jogou o ego…”
    “O bon vivant jamais mostra o ponto fraco…”
    “Jogou o ego…”
    “Tenho vivido tudo que tens ouvido....”
    “Jogou o ego…”
    “Eu vim pra cá e perder não é uma opção...”

    Tijolo à vista
    Autoestima no lixo que eu reciclei
    Mutação dos fundo de busão
    Aos aeroporto que eu passei
    Ouvi falar
    Conselho tutelar tá puto
    Evidente, meus verso obriga crianças
    A escreverem igual adulto
    Em papo de cosplay
    Falta caneta
    Por isso não entro em mais estúdios
    Com MCs que eu corrijo a letra
    Quando fracos rimam
    Ouvidos abrem greve
    Me xinga
    Mas parafraseia tudo que minha banca escreve
    Roubei tanto a cena
    Que agora tua esperança é a quina
    É o ano do Coruja
    Avisa o calendário da China
    Noiz num era o Mazzaropi? Entende
    Fato é que mesmo com os recurso de Spielberg
    Teus filme não vende
    Verso que assusta igual a trombar um fantasma no deserto
    Então se for ver, eu tô no selo certo
    Racionais, Sabotage, Emicida
    Os rei, professor
    Fiz essa aqui pra deixar registrado
    Quem é o sucessor

    “Jogou o ego…”
    “Só eu, minha culpa, meu mérito...”
    “Jogou o ego…”
    “O bon vivant jamais mostra o ponto fraco…”
    “Jogou o ego…”
    “Eu faço poesia, a maioria faz verso...”
    “Jogou o ego…”
    “Tenho vivido tudo que tens ouvido...”
    “Jogou o ego…”
    “Repressão não me fez o vilão, fez um poeta...”
    “Jogou o ego…”
    “Eu vim pra cá e perder não é uma opção...”
    “Jogou o ego…”
    “E eu procuro ideias que expulsem meus demônios...”
    “Jogou o ego…”
    “Eu sou bem pior do que você tá vendo...”

    Ficha técnica
    Músicos convidados: Coruja BC1, DJ Nyack
  6. A Chapa É Quente!| letra(Emicida/Fred/Kassin/Nave)
    São tribos inimigas
    Exércitos e fronteiras
    São guerras, são brigas, quebradas
    São ruas e ruas virando trincheiras


    E se trombar
    Noiz vai cobrar
    Que é olho por olho
    Dente por dente


    A chapa é quente, quente, quente, quente
    A chapa é quente

    Esses moleque arrastaram, causaram
    Derrubaram as moto
    Bateram nos carro
    Tretaram com as tia, zarparam

    Festa é festa, fica na paz
    Tem mano que bebe demais
    Um quer ser mais homem que o outro
    Termina com corpo embaixo dos jornais

    As mina dançando
    E do nada uns estalo, ficou tipo rinha de galo
    Uma pá de ganso moiou a quebrada
    Os rato cinza pisando no calo

    É osso, tô ligado
    Não tô aqui de advogado
    Se tromba o irmão no apetite é o seguinte
    Azeda, é embaçado

    Então, merece um sumário, truta
    Uma pá de filho da...
    Tinha que servir de exemplo memo
    Pros bico pensar na conduta

    Então, qual vai ser? Fala pra mim
    Cobra pesado os moleque assim
    A mesma história de sempre com a gente
    Parece que isso nunca vai ter fim

    Quebrada é quebrada, vários combate
    Cada um faz sua parte
    Fala “pucê”, eles têm que aprender
    Tem mano que não tá pra debate

    Tá na razão, mano
    Mas pega a visão que eu tô te passando
    Em qual parte dessa história
    Não era só noiz que tava se matando

    São tribos inimigas
    Exércitos e fronteiras
    São guerras, são brigas, quebradas
    São ruas e ruas virando trincheiras


    E se trombar
    Noiz vai cobrar
    Que é olho por olho
    Dente por dente


    A chapa é quente, quente, quente, quente
    A chapa é quente

    Esses moleque arrastaram, causaram
    Derrubaram a moto
    Bateram nos carro
    Tretaram com as tia, zarparam

    Festa é festa, fica na paz
    Tem mano que bebe demais
    Um quer ser mais homem que o outro
    Termina com corpo embaixo dos jornais

    As mina dançando
    Do nada uns estalo, ficou tipo rinha de galo
    Uma pá de ganso moiou a quebrada
    E só rato cinza pisando no calo

    Pô, é osso, tô ligado
    Não tô aqui de advogado
    Se tromba o irmão no apetite é o seguinte
    Azeda, é embaçado

    Então, merece um sumário, truta
    Uma pá de filho da puta
    Tinha que servir de exemplo memo
    Pros bico pensar na conduta

    Então, qual vai ser? Fala pra mim
    Cobra pesado os moleque assim
    É a mesma história de sempre com a gente
    Nunca que isso tem fim

    Quebrada é quebrada, vários combate
    Cada um faz sua parte
    Falar pra você, eles têm que aprender
    Tem mano que não tá pra debate

    Cê tá na razão, meu mano
    Mas pega a visão que eu tô te passando
    Em qual parte da história
    Não era só isso de noiz se matando

    São tribos inimigas
    Exércitos e fronteiras
    São guerras, são brigas, quebradas
    São ruas e ruas virando trincheiras


    E se trombar
    Noiz vai cobrar
    Que é olho por olho
    Dente por dente


    A chapa é quente, quente, quente, quente
    A chapa é quente
  7. Modo de Voo| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael)
    Eu até queria acordar mas os olhos não me obedecem
    De 10 em 10 minutos calo o alarme e esqueço-me
    Do mundo, do futuro, e que segundo a minha agenda
    Hoje é segunda e num segundo ali no escuro isso é uma lenda

    Até queria trabalhar mas o corpo não me responde
    Hoje o pensamento foge e estou cada vez mais longe
    Em modo voo olha pra mim num pijama a planar
    Descabelada por cima da minha cama

    Ana é o meu nome, mas hoje mudei pra Bela
    E vou ficar adormecida fechada no meu castelo
    Ai de quem abra a janela, que eu exijo proteção
    Do Greenpeace, sou preguiça e entrei em hibernação

    (2x)
    Eu tô numa de relaxar
    Nem o Google vai me achar
    É daquela paz lá de Jah
    Que eu preciso

    Combina a cor do Force1
    White, white
    Zapp & Roger
    It’s gonna be alright

    Ou Betty Wright, saca?
    Tonight is the night
    A gata, quando uso Porsche
    Eu tô bem James, I feel nice

    Ontem foi grave como traps
    Hoje foda-se a bússola
    Meu coração espanca
    O Google Maps

    Portas em automático
    Mundo sádico
    É tanta boca quente
    Que a gente se torna o Ártico

    Cantando igual cigarra
    Por noiz e por mim
    Gracias a la vida, tendeu?
    Violeta Parra

    Agarra a chance, garra ao lance
    É estilo ninja
    Eu vim com a minha Vênus
    E ela deixou minha boca doce, tipo o ginja

    (2x)
    Eu tô numa de relaxar
    Nem o Google vai me achar
    É daquela paz lá de Jah
    Que eu preciso

    Mano, eu vou ali comprar um chá
    Pode ser de sensimilla pra me assimilar que
    Minha mente precisa de calma, de brisa
    Não Master nem Visa
    De parar pra estacionar
    Mas sem baliza

    Sem papos de crise
    Placas de não pise
    Ninguém de alma ruim que minimize

    Calada e calor
    Descalço na areia
    E a paz vai transcorrendo na minha veia

    Sem internet, nada de notificação
    Pra não dispersar esse momento em recessão
    Um drink pra fazer a climatização
    Aguenta coração, vai

    (2x)
    Eu tô numa de relaxar
    Nem o Google vai me achar
    É daquela paz lá de Jah
    Que eu preciso
  8. Vivendo com a Morte| letra(Capicua/Fred/Kassin/Nave/Rael)
    Como é que eu vivo com a morte
    Como é que eu convivo com a finitude
    Como é que me pedem para ser forte
    Quando ela não respeita nem a juventude

    Não gosto do seu cheiro, das flores meladas
    Do choro, das velas, das noites passadas em claro
    É como um fumo em redor
    Entranhado na roupa, cobrindo de dor

    Caixa preta, pesada ampulheta
    Guilhotina ou meta, é certa, que não seja lenta
    A minha, a de quem amo, a de quem não conheço
    Água gelada que encharca por dentro

    A precoce, a injusta, a escusada, cruel
    Viver com a revolta sem ter fé no céu
    Como? Em perspectiva ou realidade
    Somos conscientes da mortalidade

    Como o único animal, o único animal
    Somos o único animal consciente da mortalidade

    Como é que eu vivo com a morte
    Essa que acentua o nosso privilégio
    Como é que eu vivo com essa sorte
    E vou aproveitando o meu sortilégio

    E quanto à morte do planeta
    Como é que se vive com uma arma na cabeça
    É, e quanto à morte do planeta
    Como é que se vive com uma arma na cabeça

    Levando uma vida
    Flertando com a morte
    Permanecer vivo
    É ter fé, não ter sorte

    (2x)
    Eu sigo protegido pelos meus ancestrais
    A morte o levou
    Mas a História os faz
    Eternos

    Saudade de ouvir você dizer moleque
    Na verdade demorei pra fazer um rap
    Falando da lacuna que deixou
    Do semblante vazio quando o caixão se fechou

    A morte quando vem ela nem avisa
    Carrega até quem ela nem precisa
    Carente de atenção ela aterroriza
    A mente e o coração que nunca cicatriza

    Que nem Miaque
    Irmão do Mariano
    Pro Time do Loko um baque
    Até hoje se perguntando

    Mano, o que é aquilo
    Que cena foi aquela
    Moleque novo, tranquilo
    Deixou uma menina bela

    Que falta faz
    O Claudinho, Garguela
    Parece que a morte gosta
    Mais de preto e de favela

    Porra, são sempre os mesmos
    Encapuzados, vários disparos
    E fazem como fez em Costa Barros

    Levando uma vida
    Flertando com a morte
    Permanecer vivo
    É ter fé, não ter sorte

    (2x)
    Eu sigo protegido pelos meus ancestrais
    A morte o levou
    Mas a História os faz
    Eternos
  9. Ideal | letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael)
    Não tem padrão nem clichê
    A minha visão é livre
    Há quem diga
    Que minha vida pra você
    Não é ideal, ideal, ideal, ideal
    Mas vem comigo que eu te passo a visão

    És como um sorvete, eu quero sorver-te
    Eu quero derreter-te e ter-te por perto
    Mas tu não sabes disso que eu nunca te disse
    Mas também não é preciso, olha o meu sorriso

    É chocolate e menta, o batimento aumenta
    Tu deitas pimenta e a receita bate certo
    Mas sem compromisso que eu não gosto disso
    É que o abstrato nisto vai ser muito mais concreto

    Olha os discos na minha prateleira
    Thelonious Monk
    De contracultura maneira
    Que nem os punk

    Mostrando a visão verdadeira
    Que não te tranque
    Cé loko, cachoeira
    Pereira funk

    Te tiro de toda sujeira virtual
    Te faço uma rima ligeira, marginal
    Você se derrete inteira, natural
    Tá bom, já entendeu que meu mundo é ideal

    Não tem padrão nem clichê
    A minha visão é livre
    Há quem diga
    Que minha vida pra você
    Não é ideal, ideal, ideal, ideal
    Mas vem comigo que eu te passo a visão

    Índia, vi mais infernos do que Constantine
    Lutando por amor igual Patrine
    Mãe D’Água de Caymmi seca as mágoa
    Redefine a vida amarga, agora é sublime

    Se entrega
    Se a poesia é boa, a ferrugem não pega
    Pois é, dizem que um homem precisa de um vício
    Então vem ser o meu cigarro, meu café

    Aquele beijo foi um pause
    O que é que eu faço
    Tô de mudança
    Eu vou morar no seu abraço

    Cabuloso Pinxinguinha, Carinhoso
    Tá delícia, tá gostoso
    Eu vim xavozo
    “Pruns” amassos

    Uma pá de coisa más pra desunir
    Pra resumir fiz sumir
    Puro uni duni tê

    Dançamos na chegada
    Cata um vinho, toca o fado da Carminho
    Saia rodada

    Não tem padrão nem clichê
    A minha visão é livre
    Há quem diga
    Que minha vida pra você
    Não é ideal, ideal, ideal, ideal
    Mas vem comigo que eu te passo a visão

    (3x)
    Manjericão, abacaxi, chocolate
    Morango, limão, maracujá e abacate
    Baunilha, melão, café, avelã e menta
    Coco com banana, caramelo com pimenta

    Ficha técnica
    Coro: Gabriela Riley
  10. Ela| letra(Capicua/Emicida/Fred/Kassin/Nave/Rael/Valete)
    Meu nome é Ana e sou viciada em música
    É ela quem me chama quando eu já não estou lúcida
    Quando o mundo desaba e o coração se quebra é ela
    Que o cola e sara, ela é que me devolve à terra

    Ella como Fitzgerald, dura como a battle
    Eu gosto dela negra como heavy metal
    Bela com som ou a capella, zuka como novela
    Tuga como a minha terra ou afro como o Fela

    Ela é como um exorcismo e eu cismo em viver dela
    É imprevista como um sismo e eu finjo conhecê-la
    Sê-la é o que eu faço hoje, foi a única saída
    E foi um DJ, de facto, que salvou a minha vida

    Noite camufla
    Sumo, supra-sumo
    Eu, rumo ao abismo
    Tipo Gizmo batismo

    Domínio, uno
    Luzes do globo
    Cores do todo diz
    Dá até a impressão que todo mundo é feliz

    Os ladrão e as meretriz
    Brindes de fel
    Lembrei da voz do Blue
    Os passarinho e as cascavel

    Veneno é mel no inferno
    Sou Xangô sem alarde
    Minha alma não vai se fundir com os covarde

    Vim pelo som
    Meu bom, meu dom, meu deus
    Zoom no piston, toca, alvo da fé dos ateus

    Tonelada e mais tonelada de tretas, sujeira
    Solidão como karma e a música de companheira
    Fui

    Ela surge como um vendaval
    Força que me faz existir
    És enredo do meu Carnaval
    Ela é Jamelão, Zé Keti

    Ela quem me afasta do mal
    Me livra dos pé de breque
    Minha oração, ritual
    Ela é quem é

    Pra mim biográfico, pra ti cinematográfico
    Eu estava nos barracos dos bairros problemáticos
    Meus putos estavam na batida do dinheiro rápido
    A tentar sair do buraco através do narcotráfico

    Meu mano Dida disse Viris, vê se te resguardas
    Fica na retaguarda, nesta vida não te enquadras
    Aqui é só vender quartas, fugir dos guardas
    Correria e esquadras, a tua cena são as quadras

    Larguei a rua insana, resolvi rimar o panorama
    Hoje sentes os quilogramas de versos que eu kamasutro
    Divulgo a trama nesta minha rotina suburbana
    Componho dramas tão vívidos, chamam-me de dramaturgo

    Metade dos meus manos hoje estão encarcerados
    Meu mano Osvaldo, baleado e enterrado
    Tenho sempre as caras deles nos meus pesadelos
    Se não me tivesse afastado teria acabado como eles

    Hoje sou eremita, veículo da rima honesta
    Compenetrado como um islamita na mesquita
    E eu limo arestas nestas palavras funestas
    Lágrimas e luto, não há festa nesta escrita

    (4x)
    Ela, ela é
    Ela, ela, ela é quem é
    Ela

    Ela surge como um vendaval
    Força que me faz existir
    És enredo do meu carnaval
    Ela é Jamelão, Zé Keti

    Ela quem me afasta do mal
    Me livra dos pé de breque
    Minha oração, ritual
    Ela é quem é

    Ficha técnica
    Fender Rhodes: Francis Dale

Vídeos

Ficha técnica

Gravadora: Sony Music

Selo: Laboratório Fantasma

Direção artística: Evandro Fióti e Paula Homem Produção executiva: Evandro Fióti
Assistente: Raissa Fumagalli

Direção de arte e ilustração: André Maciel (Black Madre ateliê)

Produção musical: Fred, Kassin e Nave

Mixagem: Maurício Cersosimo no Mixnova Studio, em São Paulo (Brasil).

Assistente de estúdio: Alejandra Luciani

Estudios adicionais: Estúdio Eiffel, em Santo André (Brasil) – assistente Marco Antonio Pereira Esteves, Estúdio Meifumado/Iá em Lisboa (Portugal); e Estúdio Aurora, em São Paulo (Brasil).

Masterizado por Maurício Gargel (Maurício Gargel Audio Mastering), em São Paulo (Brasil)